Sou brasileira e durante quase toda minha vida fui burguesa, classe média alta, convivendo com uma elite que eu não entendia.
A lógica é: eu não nasci na elite. Fui adotada e de origem paupérrima, miserável, mas não sabia disso até meus 47 anos.
Que loucura!!
De repente descobri que aqueles a quem eu tinha uma estima e aproximação gratuitas, eram os meus, era a minha verdade.
Então, depois de velha, fui pra rua, empunhei bandeiras pela saúde, pelo fim do preconceito, pelo respeito aos pacientes e ex pacientes de Hanseníase!
Nossa, eu estava lá, caminhando pelas ruas do centro de São Paulo e falando no microfone da CUT!!
Daí, na luta pela reparação moral e financeira dos filhos que foram separados pelo Isolamento Compulsório, que os governos de direita, de repressão, de supressão, de indiferença criaram, fui para Brasília várias vezes, em missões que jamais imaginei que teria e conheci o governo que mudou a história deste país.
Vi em cada trabalhador de Brasília a imensa vontade de acertar, de fazer um tudo para que nosso país começasse um caminho pelo fim da desigualdade social.
Me apaixonei pela política, pela luta, pela fé e garra de conquistar espaços que JAMAIS tinham sido pisados por nós.
Conheço Lula e Dilma.
Sei de todos os desafios que enfrentaram e enfrentam.
E como mulher, RECONHEÇO as dificuldades para administrar este país, ainda submerso em preconceitos, em idealismos baratos, eloquentes e injustos.
Como é que pode, justamente no Governo Feminino, a corrupção ser alvo de investigações? Como é que irão aceitar que uma mulher os coloque em berlindas que supunham impossíveis de acontecer?
Mas aconteceu.
E em todos os anos de movimentos sociais como o MORHAN e outros que defendem justiça social como o nosso AHANSEN, NUNCA haviam chegado até à porta do Palácio do Planalto porque ninguém recebia ou queria saber se nós tínhamos algo para falar, para reinvindicar. Eram indiferentes.
Então, que me perdoem as mulheres machistas e os homens durões, mas Dilma FICA!!
Não haverá espaço para acabar com a nossa democracia porque lutaremos por ela.
Não me venham com frases prontas e cansativas, preguiçosas até, de que somos culpados pelo enriquecimento ilícito de alguns.
Acostumem-se que SOMOS TODOS IGUAIS! Nascemos do mesmo jeito e todos seremos "pic nic de minhocas" na morte.
Sinto muito que tenham terminado com a escravidão, reconhecido os direitos das empregadas domésticas, oferecendo condições para uma grande maioria viajar em aviões e até ter cartão de crédito e comprar o mesmo perfume da burguesia e no mesmo lugar.
Sei que não é fácil porque não entendem.
Aliás, entendem mas não aceitam.
Não adianta recolher brinquedos e alimentos em doações para entregar em datas específicas, praticando o bem e colocar no seu Facebook ou na página de algum jornal, quando no seu coração, no seu interior, a doação não aconteceu. Que bem foi esse então? Será que voce queria que o pobre continuasse pobre para voce continuar a praticar ações beneméritas?
Sou a favor da democracia, lutarei por ela sempre e sei que os que me seguem ou trabalham comigo nesta luta infinita pela Hanseníase e fim do preconceito, pensam da mesma forma.
Mas tenho a seriedade de respeitar aqueles que não pensam como eu e jamais da minha boca ouvirão palavras ofensivas às nossas autoridades legalmente constituídas, gritos de ordem para o caos, porque não tenho o ódio ou o desprezo como acompanhantes. pelo contrário: podemos, mesmo falando e sentindo línguas diferentes, ecoar com o coração e respeito ao próximo, já que, infelizmente, não se consideram "semelhantes".
Vamos lutar pelo Brasil.
Mas vamos lutar com a única arma que realmente elimina o mal: o diálogo.
Teresa Oliveira
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