sábado, 14 de março de 2015

O dia que a saia amarrou o paletó.

Em um mundo biblicamente masculino, onde até Madalena foi tirada da história dos Apóstolos de Cristo, não seria estranho, mesmo neste Século, que ainda houvesse uma grande resistência à figura da mulher como líder e vencedora. Presidente ou Presidenta, isto agora não vem ao caso, é muito simples constatar a insatisfação masculina nos meios políticos, onde somos minoria.
E de repente, nem sei por que ele teve esta idéia, Lula surge com uma candidata à Presidência do Brasil e ela vence para um segundo mandato.
Áh, isso não ia passar em branco!
E ainda ganhou de um homem que, do alto de sua estupidez e arrogância, colocou o dedo em riste durante a campanha não apenas para ela, Dilma, mas para outra candidata. Depois, por pura conveniência, beijou as mãos de Marina Silva.
Mas nada disso adiantou.
Eu queria informar às mulheres que ainda não caíram na real, que Dilma pertence à classe média. Ela na verdade, nunca foi pobre. Não confundam consciência crítica com inconsciência da realidade. Se voce não consegue ver o quanto este país andou, voce não estava aqui nos últimos anos.
Porém, o espírito de luta, imbatível, que a fez inclusive pegar em armas e seguir em frente nas batalhas contra a Ditadura, aliadas ao sofrimento físico e mental na prisão, a tornaram mais leve por dentro e portanto, seguiu à risca um programa de desenvolvimento social e de igualdade na sua administração. Ela realmente olhou por todos nós. Eu vi isso de pertinho na inauguração do Hospital de Clínicas de São Bernardo do Campo, quando uma mãe veio de longe com o filho, apenas para dar um abraço na Presidenta e agradecer pelos benefícios conquistados.
Ao contrário daqueles que sairão amanhã para pedir não sei o que, porque a pauta não é clara, me envergonho de ser brasileira e me envergonhei, quando ouvi, na abertura da Copa, um coro desclassificado de pessoas, desrespeitando a nação com xingamentos à sua autoridade máxima.
Ali não xingaram a Presidenta apenas. Ali xingaram todas as mulheres do Brasil e algumas mulheres, infelizmente, ajudavam a entoar aquelas palavras.
Dilma, sei que esta crônica não chegará a voce. Mas não chegará porque eu não entregarei. Caso eu quisesse, sei que seu governo mantem as portas abertas a todos os cidadãos. Na verdade, apesar desta postura rígida, voce é uma mulher carinhosa e muito amável com todos que se aproximam. Eu sei, eu vi, eu experimentei.
Amanhã uma luta sem causa pode colocar toda uma história de conquistas para os seres humanos, no chão.
Porém, tenho absoluta certeza de que a maioria não estará presente e permanecerá ao seu lado, provando mais uma vez que a mulher pode, a mulher deve poder e a mulher conquista.
Amanhã, mais uma vez, a saia irá amarrar o paletó.
Teresa Oliveira  

Um comentário:

  1. A história não tem dono amiga e cada momento que eu relei uma Página da Revista Tópicos de 1951 a 1954 eu sinto que não encontro palavras para relatar o drama vivido pelas minha família ainda na década de 1936, quando uma das minhas Tias foi pega bruscamente no meio da rua na cidade de Promissão /SP em 1936, laçada pelos guardas do antigo DPL,e levada para o antigo Asilo-Colonia Aimorés onde faleceu, e meus avós e tios me contaram a história que eu gravei na minha memória e vejo até os dias atuais como se fosse uma Sombra do Passado. Jaime Prado- há 39 anos trabalhando na antiga Colonia Aimorés em Bauru/SP.

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